Quero compartilhar com você a importância do Flow.
Vou expressar como me senti na data de hoje (17/09/2024), após ter compartilhado episódios da minha vida para as 88 pessoas que marcaram presença na reunião online grupo de AA: “Sem Fronteiras”.
Um grupo que acolhe companheiros e companheiras de todo lugar do Brasil, sendo parte do Distrito V – Área 19.
Pela manhã soube do tema que iria abordar: “Liberdade do medo”. Texto este advindo da literatura de AA: Reflexão diária.
Eu poderia apresentar slides ou poderia usar a linguagem do coração. Escolhi a linguagem do coração porque não daria tempo o suficiente para preparar alguns slides, mas principalmente porque em meu coração senti que a partilha de mim, da minha experiência seria muito mais valiosa do que falar sobre teorias (que são importantes também).
Imprimi a reflexão diária e simplesmente fui refletir sobre ela.
Vamos refletir juntos?
Liberdade do medo!
Quando pela graça divina, chegamos a aceitar o nosso destino, compreendemos que podíamos, intimamente, viver em paz e mostrar aos que ainda sofriam do mesmo medo de que eles também poderiam superá-lo. Descobrimos que a libertação do medo era mais importante do que a da penúria.
Os doze passos e as doze tradições, décimo segundo passo.
Valores materiais guiaram minha vida por muitos anos, durante meu alcoolismo ativo. Acreditava que o total de minhas posses far-me-ia feliz, apesar de continuar sentindo-me falido após tê-las conseguido. Assim que vim para A.A. pela primeira vez, descobri um novo modo de vida. Como resultado de aprender a confiar nos outros, comecei a acreditar num Poder Superior a mim. Ter fé libertou-me da escravidão do ego. Quando os ganhos materiais foram substituídos pelas dádivas de espírito, minha vida tornou-se controlável. Então, escolhi compartilhar minhas experiências com outros alcoólicos.
Me tornar amiga de AA tem sido um presente em minha vida. Ao me dispor a refletir sobre o texto acima eu mergulhei em mim e me perguntei: Do que eu tinha medo, durante a minha infância e adolescência?
Eu tinha medo da ausência do meu pai.
A bebida o afastava de nossa família e eu estava sendo privada do amor mais sublime que é o amor de pai.
Mas então, como me tornar livre deste medo? Se o meu próprio medo era o objeto de amor?
Em nome deste medo eu agradava, chantageava e me paralisava. Havia muita confusão em meu ser, pela própria circunstância, mas também porque a minha idade favorecia a confusão. É aquela fase de adolescência, onde achamos que sabemos tudo, mas sem saber de nada.
Havia algo que eu não queria ver, que fisicamente me levou à cegueira por 2 meses. Por milagre voltei a enxergar e esta situação deu uma trégua em casa.
A vida seguiu com inúmeras situações até que eu encontrei a sala de AA e fomos muito bem acolhidos. Logo na primeira semana me orientaram a parar de ir, pois a recuperação não era minha. Foi então que me deparei com o medo do “e se”. E se ele voltar a beber, e se eu não estiver perto para ajudar, e se não adiantar nada.
Mas a reflexão de hoje nos mostra que a libertação do medo é mais importante do que a da penúria. Sem saber desta literatura foi isto que fiz, me firmei no que diz o décimo segundo passo: “ao desenvolvermo-nos mais ainda, descobrimos que o próprio Deus, sem dúvida, é a melhor fonte de estabilidade emocional. Descobrimos que a dependência de Sua absoluta justiça, perdão e amor era saudável e que funcionaria quando tudo o mais fracasse.”
Me agarrei na fé e deixei fluir.
17 anos depois tenho a oportunidade e a capacidade de compartilhar episódios da minha vida e compartilhá-los com alegria. Não é tarefa fácil a exposição, somente mesmo em uma sala de AA, onde o ambiente é seguro e todos te entendem que se faz possível uma fala de liberdade, esta que cura.
Então hoje eu pude constatar que AA compensa os danos causados à vida familiar por anos de alcoolismo.
O décimo segundo passo fala sobre alegria de viver, fala sobre a afirmação de que nenhuma satisfação é mais profunda e nenhuma alegria é mais intensa e duradoura do que um Décimo Segundo Passo bem executado. Contemplar os olhos de homens e mulheres abrirem-se maravilhados à medida que passam da treva para a luz, suas vidas tornando-se rapidamente cheias de propósito e sentido, famílias inteiras, reintegrando-se, o alcoólico marginalizado sendo recebido alegremente em sua comunidade como cidadão respeitável e, acima de tudo, ver essas pessoas despertadas para a presença de um Deus amantíssimo em suas vidas, são fatos que constituem a essência do bem que nos invade, quando levamos a mensagem de AA ao irmão sofredor.
A minha história demonstra que há saída, que existe um pote de ouro do outro lado do arco-íris.
E, quando então, recebi este tema, apesar de nunca ter falado sobre ele, eu percebi que se escolhesse deixar fluir brotaria a esperança, e todos compreenderiam que a alegria de viver é a melhor recompensa de uma vida sóbria, então, que vale o esforço!
24 horas a todos! Gratidão Grupo Sem Fronteiras.
Comente suas impressões sobre a reflexão de hoje!